No projeto piloto do Festival CINE-CITY de Arte Urbana Sustentável, estará sendo disponibilizado gratuitamente, no dia 01 de maio, para a comunidade da UFMG, como contrapartida social da Lei Aldir Blanc, uma retrospectiva digital do pós doutorando em Artes do LEVE EBA UFMG, Fred Le Blue Assis, com mais 3 horas de duração. A sua série de curtas etnográficos em progresso, produzida dentro e nas áreas vicinais do campus Pampulha da Univesidade Federal de Minas Gerais, intitulado U(F)M(G) VELT, durante os 9 meses de 2020 em que morou no bairro de São Francisco, será disponibilizada no dia do trabalhador como forma de apresentar seu processo criativo "brutalista" do que ele chama de "rap visual", bem como abrir para interferência participativa do público, em relação aos desdobramentos dos filmes apresentados. Apesar de ainda não estarem finalizados e terem sido produzidos com recursos técnicos e financeiros escassos, trata-se de um relevante acervo sobre a cidade Belo Horizonte, que surgiu de maneira voluntária como uma estratégia resiliência artística em meio ao período crônico da Pandemia por COVID-19. Mais do que isso, é um importante libelo da arte contra a opressão de padrões tecnicistas, que sempre tem servido para norma excludente, que serve para orquestrar uma exclusão simbólica e política de populações pobres, pretas e periféricas, que, em função da falta de acesso tecnológico, cultural e educacional, são obrigados sempre a reinventar a roda da linguagem para poder se fazer ouvir no meio social hegemônico. Além dos filmes, a gravação de uma palestra hipertextual sobre a arte-metodologia de trabalho do Movimento Artetetura e Humanismo, apresentada, originalmente, no Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA) de 2021, que mostra o potencial geoafetivo das artes e tecnologias, como ferramentas educomunicativas de políticas públicas urbanas, sociais e ambientais aplicadas aos territórios culturais, condecora a lista dessa playlist para quem quiser maratonar pelas derivas psicogeográficas de um poeta interartes pelas ciências interdisciplinares.
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Projeto "Artetetônico" de Artes Transmidiáticas e Extensão Universitária do Movimento Artetetura e Humanismo, em parceria com o Laboratório de Estudos e Vivências da Espacialidade (LEVE/EBA/UFMG), sobre o universo imediato (umwelt) de um artista-etnografo morador da Pampulha em BH nas zonas envoltórias da Universidade Federal. Situações cotidianas são transformados em performances não-lineares e situações lúdicas pelo olhar humano-eletrônico do artista lixotecnológico, que se misturam com a população-público, no mesmo instante em que rompem e reificam a cultura material e o imaginário urbano da cidade. A presença onipresente da comunicação eletrônica projetada na cidade e panóptica da câmara vídeofotográfica capturando o espaço público, tem transformado as paisagens urbanas e naturais (visualscapes) em vídeoscape/vídeocity urbano alegórico (linguagem interna), que influencia e é influenciada por aquele, conectando de maneira fetichista "corpo-metrópole", natureza panoramática, videocorpos (CANEVACCI, 2011, 252)". O flâneur Fred Le Blue utiliza aqui a técnica da deriva psicogeográfica e do jogo urbano dos Internacionais Situacionistas de Paris, que procuravam deambular eroticamente pela cidade para embaralhar as fronteiras entre representação ficcional e realidade material; vida cotidiana e poesia visual; urbanismo e arte urbana. A partir da investigação do princípio de desorientação de Constant, U(F)M(G)VELT permite através do documentário sinestésico criar um mapa mental, íntimo e afetivo, criador de pertencimento e orientação espacial que supere o efeito de temporalização do espaço com o advento das novas tecnologias de comunicação. No que contribui para criar um modelo de educação e gestão sustentável, catalisador da mudanças de valores e atitudes do seres para o processo de tomada de consciência planetária de cada indivíduo a partir de uma vivência mais intensa do seu cor local socioambiental. Sobretudo, agora, que em função da pandemia, o ensino à distância com as redes infocomunicacionais impossibilitam muitos alunos do convívio social nas fronteiras do e no ambiente construído e natural do espaço acadêmico. O projeto político-pedagógico da universidade é assim constrangido pela complexidade da realidade multifacetada do cotidiano urbano com cor-local de dezenas de residências, o que tem instigado e tornado imperativo suplantar fronteiras estanques entre docência e extensão, bem como a teoria e a prática, forma e conteúdo. As ladeiras, esquinas, galpões, florestas, universidades, favelas, e estádios são coisas-sujeitos comunicantes de um microecossistema repleto de metasignificados inerciais e residuais, que ressoam no macro e vice-versa. Parafraseando Carte du pays de Tendre, nos arredores de uma Universidade de Artes Espaciais (Artetetura Humanista), vamos de carona em uma caçamba voando pela Rua da Inclinação na Cidade das Amizades Horizontais até as Favela das Pontes do Amor, que é sempre mal vista pelo Território Militar da Razão, já que esses estão amparados pelos moradores do Lago da Desigualdade, que ainda não descobriram a Floresta do Feminismo Selvagem.
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FRED LE BLUEP.H.D. Urban Planning IPPUR/UFRJ; mestre em Memória Social PPGMS/UNIRIO; graduado em Comunicação Social FIC/UFG; Pesquisador associado do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-UFRJ); Idealizador do Movimento Artetetura e Humanismo e do LAH-AQUI (Laboratório de Artetetura e Humanismo de Ações para Questões Urbanas Insolúveis); Editor da Editora Brasilha Teimosa e da Coleção "Artetetura e Humanismo: Olhar do artista, mãos de arquiteto" e autor de livros, filmes, músicas e WEB séries de educação política patrimonial e socioambiental (youtube.com/fredleblue)
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Novembro 2023
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