MÚSICA FAZ PARTE DA NOSSA ECOLOGIA
Um selo ecomusical é a proposta artemetodológica do Movimento ARTEtetura e HUMANismo e da Editora Multimídia Brasílha Teimosa de instrumentalizar a música e cultura popular (erudita), em simbiose com as artes plásticas, visuais e cinematográfias, como estratégia educomunicativa subliminar de conscientização socioambiental. Para nós a música, em especial, deve expressar sentimento poético, mas também político, permitindo que as belezas naturais e aantropológicas do chão do Cerrado e outros biomas brasileiros, possam ter seu "som-local" cantado em melodia e letra dos mais diversos cantautores. Assim como a vegetação e a fauna do Cerrado, em face ao problema das queimadas e desmatamentos, os artistas do Centro-Oeste também enfrentam com resiliência os desafios para que sua arte não fique também ameaçada de extinção. A musicalidade e a mundividência afloram do contato sonoro e linguístico com nossas origens e paisagens geoafetivas e ecopoéticas, formando o nosso lugar de fala que fala dos lugares que compõem nosso universo imediato (um welt). O nosso ecossistema mental, social e ambiental permite vislumbrar, assim, um caldeirão de pontos de vistas e de escutas (saberes locais), que por meio da experiência da alteridade global transregional e multiculturalista, passam a sugerir diversos pontos de fuga, sugerindo assim outros lugares imaginários visuais e sonoro, ponto de chegadas que são duplos do nossos pontos de partidas.
Fazer e ouvir música é como colher cajá maduro no pé.
AS OPERETAS DE AMOR DO VALE DA LUA PARA A SUPER LUA NO CERRADO
Na expectativa lunática de que os sons na clave de Sol produzidos a partir da experiência "supernatural" do Cerrado em Alto Paraíso (Goiás) pudesse ecoar lá na Lua, durante sua fase mais próxima da Terra (Super Lua), nasce a ópera rock "LUA&ANA": uma ode fabulística poética-musical ao astro luminoso de prata tão presente enquanto arquétipo em vários sistemas mitológicos tradicionais (pagãos, cristãos, indígenas e indianos, por exemplo). Entrecortado por um mosaico de elementos musicais variados, inspirados no cancioneiro popular brasileiro, ibérico e anglo-americano, esse polivalente disco de World Music Made In Goiás é um convite para desvendar e exaltar os mistérios lunares e femininos em todas as fases e faces sagradas e profanas.
Como em um ritual de iniciação da guerreira xamânica dentro de nós, experienciar essa jornada ecoafetiva é uma forma de fortalecer uma percepção holística da diversidade cultural, sexual e biológica na Terra. Uma declaração de amor à Pacha Mama, LUA&ANA é também manifesto político em um momento de crescente aumento de desmatamentos, queimadas e poluições (sólidas, hídricas, visuais, sonoras,...) no país, estando as pautas ambientalistas e indigenistas sendo atacadas pelos agentes econômicos e políticos antropocêntricos, que querem passar a boiada nas frentes de todos os outros seres vivos e nos obriga a preparar o terreno em outras atmosferas. Valorizando o cor-local de sua tribo goiana, o compositor e letrista da obra, Fred Le Blue, aponta para recriação do já considerado espaço mítico do Vale da Lua e do Cerrado, mostrando a importância da arte musical e do turismo cultural virtual como instrumental para educação e consciência socioambiental em tempos de pandemia.
Ao fazer do encadeamento melódico, harmônico e rítmico entre uma música e outra de "LUA&ANA", partes sincréticas e sinergéticas de uma cosmologia maior do que a soma das partes, o trabalho resgata o sentido da oralidade de álbum, como se fosse uma contação de estória. Alguns instrumentos, como a gaita gaiata d"Na Rua da Lua Tão Nua" e sons naturais do sound scape em "Lua Cheia", "Vale da Lua", "Poros do seu Ser", ganharam protagonismo cênico atuando como personagens dessa rapsódia onírica. O que remete, respectivamente, às obras experimentais como "Orquestra dos Sonhos" de Tim Rescala e em "Águas da Amazônia" de Glass & Uakti.
A complexidade e a simplicidade da obra se assemelha ao uso da técnica de construção narrativa leitmotiv nas obras musicais do compositor baiano Elomar. A refundação sertão em bases geopoéticas, musicais e políticas ("Estado do Sertão") singulares, permite perceber o território em sua dimensão cultural, vivida e imaterial.
LUA&ANA é um resgaste da temporalidade mágica e totêmica, ou pelo menos, pré-digital, apesar de ser um álbum compacto (21 minutos), por quase não ter refrões e estrofes repetidas. Ao mesmo tempo, é uma proposta cultural assertiva feita por uma banda também enxuta para esse período pandêmico atual de isolamento sanitário e social. O que suscitou a necessidade de transmutação dos sons de um instrumento em outro, como no violão eletrificado e na bateria percussiva.
Com eu-lírico feminino a obra resgata o formato de "canções de amigo" da cultura trovadoresca ibérica, que eram declamadas por homens sobre o platonismo do amor feminino à espera de seu vassalo cavalheiresco. Mas em "LUA&ANA" podemos chamá-las de "canções de amiga", já que quem espera é Ana, cujo objeto de desejo é a Lua, seja lá quem ela for, apontando para um caráter emancipatório (trans)feminino, demandante por mais visibilização e direitos no espaço político e público (natural, construído ou virtual), marcado pela violência e exclusão física e simbólica por parta da sistêmica cultura falocêntrica e heteronormativa.
O lançamento dessas vídeo-operetas seresteiras de amor à luz estão sendo apresentadas no período entre as 3 Super Luas de 2021 ( 08/04 - Superlua “Rosa”; 26/05 - Superlua “Flores” e 24/06 - Superlua “Morango” ) quando nós estaremos aqui na Terra vivenciando esses fenômenos astronômicos de dilatação da percepção que temos do deslocamento lunar. Do eclipse simbólico desse ponto geopoético (Vale da Lua) e astrofísico (perigeu) de "aproximação" da Terra com a Lua será impossível não se inspirar vendo e ouvindo essa "luana cosmogoiana" cheia de mistérios em seu barroco jogo de luzes e sombras sonoras.
Como em um ritual de iniciação da guerreira xamânica dentro de nós, experienciar essa jornada ecoafetiva é uma forma de fortalecer uma percepção holística da diversidade cultural, sexual e biológica na Terra. Uma declaração de amor à Pacha Mama, LUA&ANA é também manifesto político em um momento de crescente aumento de desmatamentos, queimadas e poluições (sólidas, hídricas, visuais, sonoras,...) no país, estando as pautas ambientalistas e indigenistas sendo atacadas pelos agentes econômicos e políticos antropocêntricos, que querem passar a boiada nas frentes de todos os outros seres vivos e nos obriga a preparar o terreno em outras atmosferas. Valorizando o cor-local de sua tribo goiana, o compositor e letrista da obra, Fred Le Blue, aponta para recriação do já considerado espaço mítico do Vale da Lua e do Cerrado, mostrando a importância da arte musical e do turismo cultural virtual como instrumental para educação e consciência socioambiental em tempos de pandemia.
Ao fazer do encadeamento melódico, harmônico e rítmico entre uma música e outra de "LUA&ANA", partes sincréticas e sinergéticas de uma cosmologia maior do que a soma das partes, o trabalho resgata o sentido da oralidade de álbum, como se fosse uma contação de estória. Alguns instrumentos, como a gaita gaiata d"Na Rua da Lua Tão Nua" e sons naturais do sound scape em "Lua Cheia", "Vale da Lua", "Poros do seu Ser", ganharam protagonismo cênico atuando como personagens dessa rapsódia onírica. O que remete, respectivamente, às obras experimentais como "Orquestra dos Sonhos" de Tim Rescala e em "Águas da Amazônia" de Glass & Uakti.
A complexidade e a simplicidade da obra se assemelha ao uso da técnica de construção narrativa leitmotiv nas obras musicais do compositor baiano Elomar. A refundação sertão em bases geopoéticas, musicais e políticas ("Estado do Sertão") singulares, permite perceber o território em sua dimensão cultural, vivida e imaterial.
LUA&ANA é um resgaste da temporalidade mágica e totêmica, ou pelo menos, pré-digital, apesar de ser um álbum compacto (21 minutos), por quase não ter refrões e estrofes repetidas. Ao mesmo tempo, é uma proposta cultural assertiva feita por uma banda também enxuta para esse período pandêmico atual de isolamento sanitário e social. O que suscitou a necessidade de transmutação dos sons de um instrumento em outro, como no violão eletrificado e na bateria percussiva.
Com eu-lírico feminino a obra resgata o formato de "canções de amigo" da cultura trovadoresca ibérica, que eram declamadas por homens sobre o platonismo do amor feminino à espera de seu vassalo cavalheiresco. Mas em "LUA&ANA" podemos chamá-las de "canções de amiga", já que quem espera é Ana, cujo objeto de desejo é a Lua, seja lá quem ela for, apontando para um caráter emancipatório (trans)feminino, demandante por mais visibilização e direitos no espaço político e público (natural, construído ou virtual), marcado pela violência e exclusão física e simbólica por parta da sistêmica cultura falocêntrica e heteronormativa.
O lançamento dessas vídeo-operetas seresteiras de amor à luz estão sendo apresentadas no período entre as 3 Super Luas de 2021 ( 08/04 - Superlua “Rosa”; 26/05 - Superlua “Flores” e 24/06 - Superlua “Morango” ) quando nós estaremos aqui na Terra vivenciando esses fenômenos astronômicos de dilatação da percepção que temos do deslocamento lunar. Do eclipse simbólico desse ponto geopoético (Vale da Lua) e astrofísico (perigeu) de "aproximação" da Terra com a Lua será impossível não se inspirar vendo e ouvindo essa "luana cosmogoiana" cheia de mistérios em seu barroco jogo de luzes e sombras sonoras.
"SUÍTE DOS PECADORES"de LE BLUE pós-tropicaliza "SUÍTE DOS PESCADORES" DE CAYMMi
O título “Suíte dos Pecadores”, parafraseando a música "Suíte dos Pescadores" de Caymmi, cita e critica a vulgarização poética e sonora da música brasileira atual, em que a hegemônica música tecnobrega literalizada, não parece nos inspirar mais em sonhos de amores sombreados por coqueiros e água de coco. Isso, apesar de servir de estímulo físico capaz de catalisar através da dança e música o encontro social e afetivo, dessacralizando o individualismo que se tornou uma forma de deidade moderna com a comunhão social por meio de tecnologias infocomunicacionais, - mesmo antes da pandemia e dessa forma.
Ao se personificar como habitante de uma pequena vila de pescadores caiçara na região de Paraty, bebendo das águas do mar biográfico e musical de Caymmi, Fred Le Blue tenta assim apontar para o drama psicossocial da modernidade fáustica nos brasis mais recônditos, já que as promessas racionais de progresso material e tecnológico, por vezes, trazem consequências deletérias não somente para a diversidade antropológica e cultural, mas também biológica e ecológica. Os povos costeiros, parte integrante desse ecossistema atlântico florestal e marinho, também ameaçados de extinção por agentes econômicos, quase sempre vivem por meio de uma cultura sustentável, sendo aliados da natureza para retardar o avanço da mancha urbana imobiliária especulativa em áreas de reservas ambientais e o aumento da poluição marinha por resíduos sólidos.
Através de instrumentos sonoros criados por arte-reciclagem foi possível apontar de forma metalinguística para caminhos assertivos de reaproveitamento de resíduos sólidos para arte musical. Tanto na questão da tipologia ecológica de instrumentos de som, como na metodologia espontânea de prática de conjunto, a referência utilizada foi a vida e obra do suíço abaianado Walter Smetak. Essa opção aparece através no uso de instrumentos percussivos de sucata (latas e canos) e composições coletivas de grupos melodias incidentais cíclicas contrapontuais ou canônicas típicas do gênero DUB.
SUÍTE DOS PECADORES " é um manifesto a favor do reencantamento do mundo pela arte sem óbices e dogmas. Um brinde ao amor, à natureza, à memória e à música que nós habitamos e que nos habita e, sincronicamente, uma manifestação pela valorização e resgate do imaginário socioambiental e cancioneiro poético-musical dos povos e compositores dos mares da Terra.
ROCK´N CHRSTIMAS Feliz natal é fazer o bem!
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